O universo nunca entrega a conta na mesa errada
Nada voltará a ser como antes. Mas, tudo pode ser melhor como nunca foi.
Tem dias em que a vida parece um restaurante lotado, barulhento, onde a gente mal consegue ouvir nossos próprios pensamentos. E, de repente, o garçom chega com a conta. Mas você olha, confere, e pensa: “isso aqui não é meu”. Não pedi isso. Não vivi isso. Ou vivi, mas não achei que teria que pagar tão caro.
A gente passa tanto tempo tentando entender o porquê de tudo, tentando encontrar um padrão, uma resposta, um controle… que esquece de viver. Esquece que nem tudo precisa fazer sentido agora. Que nem todo sentimento exige solução. Que algumas fases só pedem presença.
Presença.
Essa palavra tem me atravessado muito ultimamente.
Percebi que às vezes nos preocupamos tanto com a possibilidade de algo dar errado, que não conseguimos aproveitar tudo o que já está dando certo.
A gente cria tantos cenários hipotéticos na cabeça, tantas versões do futuro que precisam ser protegidas, que nos afastamos do único lugar onde a vida realmente acontece: aqui.
Na tentativa de controlar o amanhã, deixamos de sentir o agora.
Na obsessão por segurança, abrimos mão da espontaneidade.
E aí, mesmo quando as coisas estão boas, nossa cabeça sussurra: "por quanto tempo?"
Como se a alegria precisasse de validade, como se o amor precisasse de explicação.
O universo é exato nas suas entregas, mesmo quando a nossa visão está embaçada. Ele opera em uma lógica que a nossa pressa não alcança. E quando a gente tenta entender tudo com a mente, esquece que algumas respostas só chegam com o tempo — ou com a alma.
Às vezes o que é nosso não fica ao nosso lado, mas fica dentro. Fica nos olhos que a gente abre depois de um fim. Fica nos limites que aprendemos a respeitar. Fica na forma como aprendemos a não nos abandonar enquanto tentamos segurar o outro. Fica na delicadeza com que, depois da dor, escolhemos ser mais gentis com o mundo — e com nós mesmos.
Mas a vida não é sobre controlar todos os caminhos. É sobre confiar no processo. Confiar que o que vem, vem por algum motivo. Que o que vai, também. E que a gente não precisa entender tudo para continuar. Esse é um dos maiores atos de coragem: viver sem saber. Respirar fundo diante do incerto e seguir mesmo assim. Confiar que, apesar das nossas dúvidas, as coisas vão se alinhar — de um jeito ou de outro.
Quando a gente solta o controle, começa a enxergar o que sempre esteve ali: o gesto simples, a conversa leve, o dia que nasce bonito sem aviso. A vida deixa de ser um roteiro rígido para virar um fluxo mais suave. E é justamente nesse espaço que as coisas mais bonitas acontecem: quando não estão sendo forçadas, nem previstas, nem protegidas contra a possibilidade do fim.
Nada volta a ser como antes. E por mais assustador que isso pareça, existe uma liberdade enorme nessa ideia. Porque se nada volta, tudo pode ser reinventado. Tudo pode ser melhor como nunca foi. Mas isso só acontece quando a gente para de viver no passado ou no medo do futuro, e começa a realmente estar onde está.
A conta pode parecer alta às vezes. Mas ela sempre vem com algo que transforma.
E o universo sabe exatamente o que está fazendo.
Mesmo quando a gente não entende. Especialmente, quando a gente não entende.
amiga, vim pelo tik tok, amei e quero ficar aqui, nós mulheres que pensamos demais e não tínhamos por onde e nem com quem desabafar!
que lindo 🌟